Ninguém menos que a cantora Thalía apresentou Bolaños no palco com uma pergunta: "Não é impressionante que um único homem consiga reunir 17 países para comemorar? Só uma pessoa poderia conseguir isso, o único e incomparável Chaves!".
Numa cadeira de rodas devido às dificuldades para caminhar e com um balão de oxigênio, Bolaños curtiu os presentes de artistas e admiradores dos 17 países que se uniram nessa homenagem ao criador de personagens tão populares como Chaves e Chapolin Colorado.
Hoje, 40 anos depois de criasse e interpretasse o personagem do menino pobre de gorro esverdeado que dormia em um barril e fazia coisas erradas "sem querer querendo", Chespirito continua sendo um ídolo que movimenta massas na América Latina.
As 10 mil poltronas do Auditório Nacional da capital mexicana se encheram de pais de família que acompanhavam e ainda acompanham a graça de seus personagens, junto aos filhos que deram força às antigas e novas versões das histórias de Bolaños.
O ator agita massas também nas redes sociais. É um dos mexicanos com o maior número de seguidores no Twitter, mais de 2,5 milhões, com os quais interage quase diariamente, apesar de seu estado de saúde visivelmente debilitado.
"A mais bela das homenagens é recebê-los ainda vivo", foi uma das frases várias vezes repetida pelos que assistiram ao evento, que teve a participação de vários cantores e personagens próximos à vida do ator.
A mais importante delas foi de sua amada Florinda Meza, esposa com quem vive há mais de 30 anos e a quem conheceu nas gravações de Chaves quando ela interpretava a rabugenta Dona Florinda.
A atriz subiu ao palco justificando as lágrimas de seu marido: "É um poeta, tudo o faz chorar", disse emocionada, agradecendo aos presentes "tudo o que fazem por meu Rober".
Juntos, Florinda e Roberto ouviram a música Somos Novios da voz de Armando Manzanero, que também fez questão de participar da homenagem. Também soaram canções inéditas interpretadas por artistas como Juan Gabriel e a própria Thalía.
Bolaños começou sua carreira como roteirista de programas de comédia e de obras do seu xará de codinome, o britânico William Shakespeare, cujo apelido no diminutivo, pronunciado à espanhola, se leria "Chespirito".
Na manhã desta quarta-feira, houve conexões ao vivo com vários países que ofereceram suas homenagens particulares ao artista, como danças, coreografias, palavras de carinho e testemunhos de pessoas contando como os personagens do ator mudaram suas vidas.
Outro momento de emoção foi quando apareceram os jogadores do time de futebol América, que lhe deram de presente uma camisa para lembrar o filme "El Chanfle", protagonizado por Bolaños, que interpreta o artilheiro do time.
"Eram meus gols", repetiu o ator, emocionado quando os telões reproduziram imagens do filme, enquanto se desculpava com os jogadores por não poder se levantar da cadeira de rodas.
Cada abraço, cada agradecimento e cada "te amo" que Bolaños disse a seus entes queridos soou como despedida que parece indicar que este será um dos últimos atos públicos do artista. Apesar disso, Chespirito avisou que, embora esteja cansado porque acaba de completar "muitos anos", pensa em viver "uns quantos mais", ou pelo menos tentar.
Última foto com Roberto Gómez Bolaños antes de ser levado às pressas para o hospital. Ao seu lado estão a esposa Florinda Meza (Dona Florinda) e os colegas de elenco Edgar Vivar (Seu Barriga) e Rubén Aguirre (Professor Girafales). |
Foi anunciado pelo diretor do SBT na tarde de ontem que "América Celebra a Chespirito" terá suas melhores partes exibidas dentro do Programa do Ratinho a partir desta quarte-feira (07/03). Ainda não há informações sobre a exibição do programa na íntegra como farão todos os países da América Latina neste domingo (11/03), mas acredita-se que o SBT não se esquece do fato de que muito de sua audiência se deve a "Chaves" e "Chapolin" e que anuncia e depois não exibir o programa seria uma brincadeira de mal gosto.
O Programa do Ratinho vai ao ar de segunda a sexta a partir das 21h15.
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