quarta-feira, 27 de abril de 2011

ANIMAÇÃO " RIO "



Depois de chamar atenção como co-diretor de A Era do Gelo (2002) e Robôs (2005) e como diretor das duas continuações da aventura glacial, o brasileiro Carlos Saldanha decidiu homenagear sua cidade natal com a animação Rio. E, para isso, conta com um elenco de peso, com nomes como o brasileiro Rodrigo Santoro, Anne Hathaway (de Amor e Outras Drogas), Jesse Eisenberg (de A Rede Social), o oscarizado Jamie Foxx (de Ray) e o músico Will i Am, dos Black Eyed Peas, dublando os cativantes e muito divertidos personagens; além de uma competente equipe técnica.

O trabalho em 3D, com planos abertos e profundidade de campo, valoriza as belíssimas paisagens e belezas naturais da cidade, resultando em uma animação visualmente perfeita. Rio não lança mão do didatismo de Brasil Animado, que tinha como proposta fazer um tour tipo exportação pelo país, mas tem como principal aspecto visual exaltar as belezas e o carnaval da cidade do Rio de Janeiro, embora se aproprie de uma espécie de desfocado "olhar estrangeiro", que ignora a vida cotidiana de uma metrópole com tantos problemas e desigualdades, criando uma visão caricata de sua população.

O longa conta a história de Blu (dublado perfeitamente por Jesse Eisenberg), uma arara azul domesticada, que não sabe voar. Após ser capturado por contrabandistas de aves exóticas, ainda filhote, Blu acaba indo parar na fria Minnesota (norte dos EUA), bem longe do Rio de Janeiro, mas é tratado com amor e cuidado por Linda (Leslie Mann, de O Golpista do Ano). Por ser o último macho de sua espécie, o ornitólogo (biológo que se dedica ao estudo das aves) Túlio (Rodrigo Santoro) quer convencer Linda a levá-lo para o Rio de Janeiro, a fim de perpetuar a espécie com a fêmea Jade (Anne Hathaway).

E é na "cidade maravilha, purgatório da beleza e do caos", que Blu irá viver a maior aventura de sua vida e se ver obrigado a esquecer o ambiente doméstico a que estava acostumado, para poder encarar a temida vida numa natureza desconhecida e, aparentemente, hostil. Permeando as aventuras e apresentações de personagens, a música é elemento essencial em Rio e o brasileiro Sergio Mendes, produtor musical executivo, lança mão de ritmos que misturam o carnaval carioca com o pop norte-americano.


Além da relevante, e bem humorada, crítica ao contrabando e comércio ilegal de aves exóticas, também é abordado, embora superficialmente, o importante tema da extinção. Rio tem a capacidade de dosar elementos narrativos de forma a agradar tanto a adultos quanto a crianças, o que merece méritos, já que o gênero animação tem criado uma espécie de separação entre filmes voltados para adultos e filmes voltados para o público infantil. Com exceção das caricaturas, a composição dos personagens também merece destaque, principalmente as diversas espécies de aves e os macacos espiões, que se comunicam até por SMS (a cena da briga entre aves e macacos é sensacional).

Desde a abertura do longa, com a vista panorâmica do Pão de Açúcar e o empolgante desfile de carnaval de aves exóticas, são destacados pontos turísticos do Rio de Janeiro, como os Arcos da Lapa, Cristo Redentor, Praia de Copacabana e Santa Teresa. Tanto para os moradores da cidade, quanto para quem a conhece, é interessante reconhecer paisagens tão bem desenhadas e transpostas com perfeição para o filme, mas, independentemente de se passar em época de carnaval, também pode incomodar parte do público a visão exageradamente carnavalesca da cidade (como se o carioca, de forma generalizada, só se preocupasse com futebol e festividades), assim como o fato de em Rio praticamente toda a população carioca ser fluente em inglês, o que não corresponde à realidade.

O fato de ser uma obra de arte que lança mão da licença poética (como animais que falam, tão comuns desde o advento dos filmes de animação) não justifica o fato de retratar de forma errônea moradores de uma determinada região, como se fossem apenas uma massa uniforme, sem a rica diversidade cultural que apresenta. Quando a intenção de um projeto é parodiar um estereótipo comportamental, cultural e/ou regional, ou até mesmo uma sociedade, como Os Simpsons, deve-se analisá-lo a partir deste contexto, independentemente de suas generalizações, já que particularidades presentes em uma massa heterogênea não retratam fielmente uma população como um todo, apenas características presentes em parte deste conjunto de pessoas.

E este não é o caso do Rio de Saldanha, pois o filme não tem intenção de parodiar a cidade, mas exaltar suas belezas, e acaba, de forma involuntária, criando uma caricatura pejorativa de sua população. A animação mais parece uma espécie de lúdico universo particular, mesmo reconhecido por grande parte do público, não em sua totalidade, mas nos que se identificam com as particularidades apresentadas. Separando a análise subjetiva de uma visão baseada na experimentação do cinema em sua função de entreter, Rio é uma linda animação, empolgante em suas imagens, músicas e cenas de ação (tanto para crianças quanto para adultos), mas falha numa tentativa de autorretrato da população carioca. Como a banda Maglore canta, "me disciplinaram tão além, que eu esqueci de venerar os carnavais também".

Por: Mattheus Rocha

Rio – 2011
Brasil, Canadá, EUA – 96 min
Direção: Carlos Saldanha
Roteiro: Don Rhymer, Joshua Sternin, Jeffrey Ventimilia, Sam Harper
Dublagem Original: Anne Hathaway, Jesse Eisenberg, Leslie Mann, Jamie Foxx, Jake T. Austin, Rodrigo Santoro, Jemaine Clement, George Lopez, Tracy Morgan, Will i Am, Wanda Sykes, Brian Baumgartner, Carlos Ponce, Bernardo de Paula







- escute, diga a ela que tem olhos lindos!!!
- é, ótima idéia!
- eu tenho olhos lindos!
- sim, são lindos!
- não... os dela os dela!
- ah ok, não você tem olhos lindos, eu sei que os meus são legais, mas, seus olhos são lindos!!!
kkkkkk! muito legal!





FONTE:http://www.cinemanarede.com/2011/03/critica-rio.html

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