sábado, 5 de março de 2011
AS MÃES DE CHICO XAVIER NA TELONA
“É uma continuação de ‘Chico Xavier’. Não, melhor. É o encerramento de uma ‘pseudo trilogia’”, hesita Marcos Paulo, 37 anos, produtor da Estação Luz Filmes, ao classificar o filme “Mães de Chico Xavier”. O lançamento da produtora cearense, com previsão de estreia nacional no dia 1º de abril, se encontra em um dilema tão difícil de definir quanto a questão da autoria em uma obra psicografada.
Com direção de Glauber Filho e Halder Gomes, o longa-metragem conta as histórias de Elisa (Vanessa Gerbelli), que ao lado do marido tenta superar a morte do filho pequeno, Theo; Lara (Tainá Müller), professora que enfrenta uma gravidez indesejada; e Ruth (Via Montenegro), cujo filho adolescente Raul é viciado em drogas. As três mulheres buscam conforto para os seus problemas com a ajuda de Chico Xavier.
As suas histórias se cruzam a partir do trabalho do jornalista Karl, que conduz uma investigação sobre o médium, tomando como base os relatos das mães do título.
Agora, porque os seus próprios produtores o consideram uma continuação, mesmo que não oficial, do longa “Chico Xavier” (2010), de Daniel Filho? Promovido como o encerramento das comemorações pelo centenário do líder espiritual, comemorado no ano passado, o filme explora o lado espírita de Xavier para dar continuidade a sua biografia. Para tanto, manteve inclusive o ator Nelson Xavier interpretando o papel, seguindo a mesma caracterização que o consagrou no longa de Daniel Filho.
A fé como como um novo filão
Basta seguir a mesma lógica para entender conceito de pseudo trilogia. Depois da transposição para o cinema de sua vida e obra, com o filme “Nosso Lar” (2010), de Wagner Assis - adaptação do livro psicografado pelo médium -, com “Mães de Chico Xavier” a proposta é dar ênfase na sua mensagem.
“Nosso filme fecha o ciclo”, afirma Marcos Paulo. “Ele complementa os demais filmes voltando sua atenção à relação de Chico Xavier com os fieis. Na opinião do próprio, esse era o momento mais reconfortante de seu trabalho: poder ajudar um pai, uma mãe, em um momento de dor”
SEMELHANÇAS
Mas as similaridades entre as obras vão além da figura do espírita. A Estação Luz Filmes atuou, ao lado da Globo Filmes, como co-produtora de “Chico Xavier”, trabalhando na promoção e divulgação do filme nacionalmente. Além disso, “Mães de Chico Xavier” é inspirado no livro “Por Trás do Véu de Isis”, do jornalista e escritor Marcel Souto Maior - também autor da biografia que inspirou o filme de Daneil Filho.
Se engana quem chega à conclusão de que a Estação Luz Filmes estaria apenas pegando carona na recente onda de filmes com temática religiosa. Foi graças à boa repercussão de “Bezerra de Menezes — O diário de um espírito” (2008), que o mercado despertou para o potencial desse tipo de filmes junto ao público brasileiro.
E o filme sobre a vida do líder espírita do século 19 nasceu de uma encomenda feita aos diretores Glauber Filho e Joe Pimentel pela produtora. A idéia inicial era fazer um documentário para distribuição em DVD, com custo aproximado de R$ 100 mil.
“Mas não gostamos do resultado. Não havia drama”, relembra o produtor. Recomeçaram o projeto do zero. A adaptação se tornou um longa estrelando Carlos Vereza com orçamento de R$ 2,7 milhões e arrecadou mais de 500 mil espectadores em 27 semanas.
“Bezerra foi o precursor. Em menos de dois anos, já foram feito cinco filmes sobre essa temática [Marcos Paulo cita como exemplo as produções ‘E a Vida Continua’, de Paulo Figueiredo; e o documentário “As Cartas”, de Cristiana Grumbach]. Para se ter uma noção, o projeto de ‘Nosso Lar’ estava engavetado há dez anos. Tudo aconteceu depois de Bezerra”, diz.
De fato, até mesmo os próprios realizadores se aproveitaram da atual popularidade do filão. Para “Mães de Chico Xavier”, conseguiram captar cerca de R$ 6 milhões, e distribuir 350 cópias, por uma major do mercado, a Paris Filmes. Tanto que o filme nem estreou e já preparam o próximo projeto: uma adaptação do “Livro dos Espíritos”, primeiro livro sobre a doutrina espírita publicado pelo educador francês Allan Kardec. “As pessoas estão atrás de historias humanas, de coisas tocantes, que acrescentem algo”, afirma Marcos Paulo, apostando na longa e quase transcendental sobrevivência do gênero. (Diário do Pará)
http://www.diarioonline.com.br/noticia-138202-as-maes-de-chico-xavier-na-telona.html
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