sábado, 30 de outubro de 2010
Último debate termina sem confronto entre candidatos
O último ato da campanha eleitoral não refletiu o acirramento do segundo turno - no debate na TV Globo, os candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) evitaram se atacar e, por causa do formato do programa, não abordaram temas polêmicos.
Em desvantagem nas pesquisas, Serra só fez críticas a Dilma e ao governo de forma indireta. Quando questionado sobre o tema corrupção, por exemplo, ele não citou o escândalo que derrubou Erenice Guerra da Casa Civil - em debates anteriores, o tucano sempre ressaltou as ligações entre a ex-ministra e a candidata do PT.
Dilma, que no começo do segundo turno adotou um discurso mais incisivo para barrar a eventual ascensão do adversário, também mudou de tom. No programa desta sexta-feira, ela evitou mencionar o tucano e procurou destacar realizações do governo Luiz Inácio Lula da Silva, seu principal cabo eleitoral.
No programa, os candidatos foram sabatinados por eleitores indecisos que compareceram aos estúdios da Globo. Eles responderam a perguntas sobre segurança, saúde, educação e outros temas relacionados ao cotidiano da população. Não houve questões sobre privatizações, pré-sal e legalização do aborto, assuntos que foram destaque na campanha da segunda rodada da eleição.
A respeito da corrupção, Serra destacou que ela chegou a 'níveis insuportáveis'. Como forma de combater as irregularidades, o candidato destacou a necessidade de fortalecer as instituições fiscalizadoras, como o Tribunal de Contas da União e o Ministério Público. 'O exemplo tem de vir de cima. É preciso escolher bem as equipes e ser implacável com quem comete irregularidades, não passar a mão na cabeça', afirmou.
Dilma, na réplica, destacou a atuação da Polícia Federal no combate a casos de corrupção. Também apontou a importância da Controladoria Geral da União, órgão ligado à Presidência, 'que foi responsável pela investigação no caso dos sanguessugas' - quadrilha que desviava verbas do Ministério da Saúde.
Em diversos momentos, a petista e o tucano apresentaram discursos convergentes. Ambos, por exemplo, destacaram a necessidade de valorizar os salários dos professores de escolas públicas e de reforçar o Sistema Único de Saúde.
Em relação à segurança pública, Serra defendeu a priorização do combate ao contrabando de armas e drogas. Defendeu ainda a formação de um cadastro nacional de criminosos, para que as forças de segurança dos distintos Estados tenham condições de monitorar a ação de quem cometeu crimes fora de sua área de abrangência.
Dilma afirmou que esse cadastro já existe, e que há iniciativas do governo para ampliar o banco de dados com informações da Justiça e do sistema penitenciário.
Em outro momento, a candidata do PT defendeu de forma enfática a desoneração da folha de pagamentos no País como forma de aumentar a criação e a formalização de empregos no País.
Serra, sobre esse tema, adotou tom mais cauteloso. 'Vamos tirar o quê? O Fundo de Garantia, o INSS? Isso tem de ser muito meditado, porque não se pode perder receita.'
O tucano criticou a política de saúde do atual governo, mas sem mencionar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 'Nossa saúde andou para trás, o governo federal encolheu os recursos que empregava', afirmou.
A candidata petista reconheceu a existência de falhas no setor. 'Temos problemas sérios de qualidade, e se a gente não reconhecer, não melhora.' Ela prometeu criar unidades de pronto-atendimento que funcionem 24 horas por dia para desafogar os hospitais públicos.
Em relação às políticas sociais, Serra defendeu a interligação do Bolsa-Família com programas federais como o Saúde da Família. Também apontou a necessidade de investir em ensino profissionalizante e de criar outros estímulos para que as famílias progridam e não dependam da ajuda federal.
Nesse momento, Dilma fez uma crítica indireta ao adversário, ao afirmar que 300 mil famílias pobres em São Paulo não recebem o Bolsa-Família por falta de cadastramento - função que seria do Estado e dos municípios. 'Em São Paulo, quem cuida dos pobres é o governo federal.'
FONTE:http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/artigo.aspx?cp-documentid=26154172
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Pesquisa UOL - DEBATE REDE GLOBO em 29/10/2010
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
Filmes nacionais abrem discussão sobre crescimento
AgNews
Deborah Secco será Bruna Surfistinha, em um dos destaques dos próximos dois anos
Produtoras e distribuidoras apostam na produção brasileira
O crescimento do mercado cinematográfico brasileiro é a grande aposta de produtoras e distribuidoras nacionais, bem como por parte da Ancine. Esta ideia foi consenso geral em convenção em que apresentou algumas das produções de longa-metragem do Brasil para 2011 e 2012.
Mario Diamante, diretor financeiro do órgão governamental, vê o lançamento destes filmes com otimismo e comenta que, recentemente, dois longas nacionais [Tropa de Elite 2 e Nosso Lar] tiraram espaço de blockbusters estrangeiros no circuito de cinemas.
De acordo com os números apresentados por Marco Rangel, presidente da Ancine, em 2009, o market share (a quota de mercado) de cinema nacional era de 14,3% e a estimativa para é que atinja 16%.
Toda essa discussão em torno do nosso cinema se deu por conta do anúncio da Imagem Filmes de seus projetos nacionais para 2011 e 2012 – serão 11, no total.
Abrão Scherer falou da interação da Imagem com as produtoras e equipe de produção de um filme. Além disso, Scherer enalteceu os projetos que, com contrato assinado, têm cronograma e data de lançamento prevista.
A Ancine, por sua vez, defende a ideia de incentivos e recursos que estimulem as distribuidoras valorizarem o material cinematográfico daqui. Rangel ainda diz que o país tem capacidade de produzir longas diversos, não se prendendo a gêneros de sucesso, como alguns acreditam.
- Para conquistar o público interno tem de ter propostas que atinjam todas as classes e grupos de pessoas.
Entre os projetos apresentados pela Imagem para 2011 estão:
Brasil Animado – Dirigido por Mariana Caltabiano, esta é a primeira animação com tecnologia 3D no Brasil. Conta a história de Stress e Relax, um empresário ganancioso e cineasta que vive pedindo investimento para seus projetos. Relax quer achar a árvore mais antiga do Brasil e Relax se anima com a possibilidade de ganhar dinheiro. Mas, no fundo, eles não têm ideia de onde está o que eles procuram. Estreia prevista: 21 de janeiro.
Bruna Surfistinha – Protagonizado por Deborah Secco, o filme de Marcus Baldini é inspirado na personagem de Raquel Pacheco, a ex-garota de programa, conhecida como Bruna Surfistinha, que contou como era sua vida no mundo da prostituição por meio de um blog e, posteriormente, em um livro. Estreia prevista: 25 de fevereiro.
Não se Preocupe, Nada Vai Dar Certo – Hugo Carvana dirige o filme que traz Tarcísio Meira de volta aos cinemas. Nesta história irreverente, pai e filho são comediantes e viajam com suas apresentações. Mas, um dia, Lalau (Gregório Duvivier) recebe uma proposta milionária para se fingir de Guru. O dinheiro não vem tão fácil como Lalau imagina e, depois de muita confusão, precisa da ajuda de seu pai (Tarcísio). Estreia prevista: 29 de abril.
O Palhaço – Segundo longa-metragem dirigido por Selton Mello, O Palhaço traz o mineiro de 38 anos como protagonista, ao lado de Paulo José. Um artista circense vive uma crise em seu trabalho: ele não interessa tanto ao público como antigamente. Isto acaba afetando os recursos que tem para sobreviver. Com excesso de problemas e tristeza na profissão que deveria fazer rir, este palhaço fica incerto sobre sua vontade de voltar ao picadeiro. Estreia prevista: entre os meses de maio ou junho.
Dois Coelhos – O estreante Afonso Poyart conta a história de Edgard (Fernando Alves Pinto), um sujeito cansado da desgraça social e da corrupção que resolve agir por conta própria e fazer justiça. Mas, conforme executa seus planos, Edgard tem suas intenções e história dramática reveladas. Estreia prevista: junho.
Estamos Juntos – Uma coprodução entre Brasil e Argentina conta o drama da médica Carmem (Leandra Leal) que, ao descobrir uma doença grave, decide aproveitar sua vida ao extremo. No entanto, as ações inconsequentes de Carmem confrontam duas relações que ela mantém simultaneamente, e o resultado pode ser a destruição. O filme tem direção de Toni Venturi. Estreia prevista: entre os meses de agosto e setembro.
Capitães de Areia – Cecília Amado leva para os cinemas a história de seu avô, Jorge Amado. Ambientado na década de 50, meninos abandonados vivem suas vidas de forma livre e, assim, tornam-se homens. Quando uma epidemia mata vários deles, Dora se junta ao bando para mudar o rumo daquele grupo. Estreia prevista: entre outubro e novembro.
Todos esses filmes, com lançamento previsto para 2011, já foram gravados e estão em fase de pós-produção. Outros projetos da distribuidora são: Lázaro Ramos e Alice Braga em O Vendedor de Passados; El Ardor, outra coprodução entre Brasil e Argentina, com atuação de Gael García Bernal; Somos Tão Jovens, cinebiografia de Renato Russo, focado na adolescência do roqueiro, antes de ele ser famoso; e Billi Pig, comédia com Selton Mello e Grazie Massafera.
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Dilma e Serra: entre a cruz e a caldeirinha
Se as pesquisas estiverem certas, Dilma Rousseff (PT) será a nova presidente do Brasil. E tem mais, a própria Rousseff já afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode voltar em 2014. Tem até um vice a altura: Sérgio Cabral (PMDB), governador do Rio de Janeiro.
Todavia, estas eleições deixaram clara uma coisa: é necessário investir urgentemente em educação, para evitar que o brasileiro médio seja manipulado pelo que quer que seja, religiões, políticos oportunistas...
As campanhas também deixam uma forte impressão: fazia tempo que não se via uma eleição tão feia, com tão baixo nível político. Talvez o único momento que se assemelhe a isso que vemos aí, foi quando Fernando Collor levou a televisão a mãe de Lurian, a enfermeira Miriam Cordeiro, para dizer que Lula quis que ela abortasse a filha. A cena foi triste.
José Serra usou a mesma artimanha de Collor e quase conseguiu virar o jogo, sob os olhos esbugalhados e incrédulos de Lula, Dilma e das cabeças mais pra frente do Brasil.
Não quero dizer com isso que Serra é retrógrado, mas a estratégia que ele usou foi. A campanha de Serra deu um Déjà vu do passado. Lembrou João Goulart e as passeatas com a Tradição Família e Propriedade (TFP), a igreja e a direita ultra-conservadora, que resvalaram no Golpe Militar de 1964. Não digo que hoje vivemos alguma perigo de golpe, isso não, mas que o Brasil, mais uma vez, ia caindo ladeira abaixo da sedução do ‘Serra é do bem’. Se Serra é do bem, Dilma é do mal? O tucano afirma que querem demonizá-lo, mas quem foi acusada de ser atéia foi Dilma. Foi Serra quem fez a balança da campanha pender para o lado da Igreja, de forma oportunista.
Serra se perdeu. Perdeu todo o pudor, toda a linha e a compostura, virou um impensado pústula, capaz de xingar uma mulher em pleno horário nobre e de fazer teatro frente as câmeras por causa de uma bolinha de papel. Para mim, já não importa se ele foi atingido por um rolinho de fita crepe ou não, mas a expressão que ele deu ao evento. Basta ver a reação diferente de Mário Covas que levou uma paulada na cabeça e enfrentou os manifestantes na mesma hora num discurso emocionado.
Em relação aos temas levantados pela campanha, mas não enfrentados por nenhum dos dois candidatos de forma séria. Sou contra o aborto, mas acho que as mulheres e seus maridos, ou pares, têm o direito de decidir. Sabendo exatamente o que estão fazendo. Podem sofrer até todo tipo de pressão – contanto que não seja violenta – para serem dissuadidos disso, mas devem ter o direito de seguir para onde quiserem seguir.
Depois se verão com Deus, sua religião e suas consciências sobre isso. É uma hipocrisia continuarmos negando o atendimento público quando o aborto continua existindo clandestinamente. E as únicas que realmente sofrem com isso são as mulheres mais pobres.
Sobre casamento gay? Deixem os caras e as minas se casarem com quem quiserem. Querem casar no civil? Jóia. Resguardem os direitos de seus amores. Querem casar na igreja? A católica não quer, nem a evangélica? Alguma há de querer. Em Londres já tem igreja católica só para homossexuais e não ficam pregando a abstinência ou dizendo que o povo vai para o inferno por sodomia. Há preocupações sociais mais reais do que ficar perseguindo e olhando com quem se está indo para a cama.
Mas voltando à campanha. Nós, eleitores, estamos entre a cruz e a caldeirinha. Ou nos convertemos às idéias religiosas e carolas de Serra e de sua esposa e abraçamos as igrejas que nos darão a salvação e o paraíso, ou aceitamos mergulhar no caldeirão fervente onde cozinhavam as bruxas. Parece que não há outra opção.
Essa é uma campanha louca. Insana. Sem sentido. Mas não vou votar em Dilma, apesar do clamor da esquerda, de quem normalmente sinto mais afinidade. A campanha mostrou a deficiência política de Dilma Rousseff. A mulher é competente como gestora pública, já demonstrou isso, mas tenho sérias dúvidas se ela conseguirá domar um Congresso clientelista e um PT afoito. Dilma talvez seja pequena para a máquina do partido e seus escândalos.
Uma amiga minha diz que o PSDB vem da elite e sabe muito bem como fazer seus esquemas. E quando esses esquemas, por algum motivo, explodem, são facilmente abafados, soterrados. Por isso, não vemos tantos escândalos nos governos tucanos. Segundo a tese dela, o PT é um partido de sindicalistas, onde as brigas e traições não respeitam nomes, onde as mazelas são lavadas em praça pública. Onde as famílias vão ao programa da Márcia brigar em público. Isso faz com que os escândalos sejam tão numerosos.
No final das contas vem vindo uma crise mundial por aí e ela vai chegar no Brasil qualquer hora dessas e nem Dilma – nem Serra – tem a estrela sortuda de Lula. Agora é cruzar os dedos e rezar pelo melhor. Mas digam aí: porque Aécio Neves (PSDB) e Ciro Gomes (PSB) não se candidataram? Teria sido mais interessante...
Postado por mastigada às 09:56
http://mastigada.blogspot.com/2010/10/dilma-e-serra-entre-cruz-e-caldeirinha.html
terça-feira, 26 de outubro de 2010
Agora é você quem decide Eleitor!
As duas revistas semanais mais importantes do país degladiam-se capa a capa durante o período eleitoral. Veja defende a candidatura Serra e a Istoé defende Dilma Roussef presidente. A Istoé dessa semana traz semelhança com o enfoque dado pela Veja na semana passada.Agora é com você caro eleitor, veja quem está com a razão ou se as duas estão puxando a corda para seu lado. Compare e vote consciente.
terça-feira, 19 de outubro de 2010
ACIMA DE TUDO EM FAVOR DA VIDA
Por: Janio Alcantara |
Lamentável que os polítiqueiros de plantão juntem-se aos sectaristas religiosos e assim polarizem e distorçam a discussão sobre a importância do respeito à Vida e, desta forma, deixa a comunidade sem saber sobre as consequências do desrespeito à mesma Vida.
O município de Fortaleza sediará a “2ª Caminhada em Defesa da Vida”, no Domingo 24 de outubro. O evento, suprapartidário e interreligioso, é chancelado pelo Movimento Nacional da Cidadania Pela Vida Brasil Sem Aborto e pelas ONGs Movimento Internacional Pela Vida (Movida) e Movimento Internacional Pela Paz e Não-Violência (MovPaz).
Os participantes vão se concentrar a partir de 16 horas, ao lado da Igreja São Pedro, na rua Almirante Barroso (Praia de Iracema). O trajeto terá de cerca de 600 metros, que compreende o percurso da igreja até o monumento da estátua de Iracema, no Aterrinho, onde acontecerá um ato público e manifestação artística.
Os responsáveis pelo evento, Clóvis Nunes, coordenador nacional do MovPaz, e Fernando Lobo, presidente do Movida, afirmam que o objetivo da caminhada é destacar a importância do respeito à vida, principalmente à vida humana das crianças que são abortadas no Brasil e no mundo.
“Este evento não possui conotação política partidária nem exclusivismo religioso. Precisamos conclamar nesta caminhada a implantação de políticas públicas à prevenção de gravidezes indesejadas. Todo aborto é fruto de gravidez indesejada. Bebê que é amado e planejado nunca será abortado”, alerta o baiano Clóvis Nunes, professor e um dos coordenadores do evento.
Já o engenheiro Fernando Lobo, também coordenador da caminhada, afirma que é necessário pensar a saúde pública no país. “O PSF está falido neste sentido. Faltam métodos preventivos de contracepção, educação sexual de jovens e adultos, além de campanha ostensiva no planejamento familiar”, diz.
A caminhada pretende incluir adeptos de todas as religiões, além de lideranças religiosas e comunitárias. “O evento além de ecumênico, vai reunir pessoas de boa vontade, de diferentes ideologias, classes sociais, é, portanto, de natureza plural. O trajeto é curto para incluir idosos e deficientes físicos”, diz Clóvis Nunes. “Em Fortaleza é a 2ª ocasião da caminhada, mas é a 7ª vez em nível nacional. Já aconteceu em Brasília, João Pessoa e Feira de Santana”, completa.
Dentre as instituições que já aderiram ao evento estão Face de Cristo, Federação Espírita do Ceará (FEC), Colégio Darwin, Associação dos Divulgadores do Espiritismo do Ceará (ADE/CE), Agência da Boa Notícia e Maçonaria Grande Oriente do Brasil, além de igrejas evangélicas sob diversas denominações, entre outras entidades.
FONTE:http://blog.opovo.com.br/conexaoespirita/acima-de-tudo-em-favor-da-vida/
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
TROPA DE ELITE 2: Capitão Nascimento: o mais novo niilista do BOPE
O filme Tropa de Elite 2 conseguiu uma façanha. Ele é melhor que o anterior – estima-se que o primeiro Tropa foi visto por 11 milhões de pessoas em todo o Brasil. Não é só melhor porque coloca para pensar e abandona sua ótica fascista de limpeza étnica – é impossível não admitir que há um quê de fascista no filme, quando incita no telespectador à violência ao explicitar a própria violência. Entendo que o diretor José Padilha não tinha a intenção de atingir esse alvo. Mas atingia, bastava ver a reação na platéia.
Só para lembrar. No primeiro filme os bandidos eram policiais corruptos ou marginais do morro. Estes recebiam com a mais cândida desfaçatez a sentença da morte pelos policiais do BOPE. Verdadeiros ‘heróis’ truculentos a lá Sylvester Stallone comandados pelo Capitão Nascimento, personagem vivido por Wagner Moura. Para Nascimento, bandido bom era bandido morto.
No primeiro Tropa, ainda havia espaço para outros tipos de bandidos: os ‘filhinhos de papai’ que subiam o morro para montar Organizações Não Governamentais (Ongs) e que acabavam servindo ao tráfico, ou estudantes que discutiam a dialética da violência do estado e não se preocupavam se suas baforadas de maconha serviam para alimentar o tráfico. Para alguns desses estudantes, o traficante, o bandido, ainda podia ser idealizado com um sujeito à margem do sistema, e por isso também com uma certa aura de herói.
O filme, de 2007, apesar da violência quase absurda, ainda guardava tempo para fazer humor e drama e aí surgiram bordões impagáveis como ‘pede para sair’, ‘o senhor é um fanfarrão’ ‘tu é moleque’, ‘pega a vassoura’.
Agora, o segundo Tropa de Elite, abandona o humor quase por inteiro – lembro apenas de um bordão interessante: ‘quer me foder, então me dá um beijo na boca. O filme muda o foco dos bandidos do morro. Vai ao que interessa de fato: os bandidos de ‘colarinho branco’. Aqueles que ficam sentados atrás de gabinetes e muitas vezes aparecem nas colunas sociais ou nas páginas políticas.
O filme segue os dias de Capitão Nascimento, após quase quinze anos da primeira história, que agora está separado da esposa e tem o filho no inicio da adolescência, Nascimento é Tenente-coronel e já não está mais nas ruas. A esposa casou-se novamente, infelizmente para ele com seu arquiinimigo, um ativista dos direitos humanos: Diogo Fraga, interpretado por Irandhir Santos. Quem está nas operações de rua é o Capitão Matias (André Ramiro), que já não é mais o ingênuo aluno do início da história do BOPE e de Nascimento.
Mas vamos à ação. Depois de uma operação mal sucedida, para os direitos humanos, onde o BOPE entra no presídio Bangu I, no Rio, e acaba fulminando algumas peças medonhas do tráfico na presença de Diogo Fraga, o governador do Rio de Janeiro – há uma leve menção, algo longínquo, ao Leonel Brizola – é obrigado a rebaixar Ramiro, retirando-o do BOPE e o incorporando a um batalhão da PM – um dos mais corruptos diga-se de passagem – comandado por Fábio (Milhem Cortaz).
Mas ao invés de demitir Nascimento – a estrela maior da corporação – o governador se vê na obrigação de promovê-lo. O Capitão se torna subsecretário de Segurança Pública do Rio. Também usufruindo os louros da operação, o ativista Fraga consegue se eleger para a Assembléia Estadual do Rio e entra na política partidária.
Com Nascimento na Subsecretaria, o BOPE recebe atenção especial, com novos carros, mais homens e armamentos. As ações são intensificadas e muitos bandidos vêem seus negócios serem drasticamente diminuídos. A investida começa a atrapalhar os negócios da polícia corrupta – que tem na sua ponta de lança Russo ( Sandro Rocha). Mas não demora muito esses policiais corruptos descobrem um novo negócio. Ao invés de extorquir do narcotráfico passam a fazer a segurança particular nos bairros. As vítimas agora são os comerciantes. Surgem aí as milícias clandestinas com apoio de políticos, em troca de votos.
O tempo passa. Anos depois teremos a precipitação do confronto entre o herói Nascimento contra o sistema podre que tem seus tentáculos no Estado.
O roteiro (do próprio José Padilha e Bráulio Mantovani) está enxutíssimo e mantém a tensão e a atenção do filme, ainda que haja uma certa quebra na história. Afinal, Tropa 2 tem um outro tempo. A montagem de Daniel Rezende mantém a força do longa e lembra em alguns momentos ‘Cidade de Deus’, talvez por recorrer tanto ao diálogo com a câmera e a narração em off, que interfere na própria imagem. O filme também usa o recurso de recontar uma cena que já foi mostrada de forma diferente, artifício utilizado em ‘Cidade...’
Wagner Moura está excelente e constrói um herói que se corrói por dentro ao sentir que perde a luta pelo amor do filho Rafael (Pedro Van-Held), que se aproxima cada vez mais do padrasto Fraga. Ao mesmo tempo que perde a luta contra a corrupção.
Tropa de Elite 2 reflete a luta de qual tipo de arma deve ser usada para combater a corrupção e a bandidagem, quando apontam dois caminhos: o político e a força bruta militar. Olhando por esse lado também pode ser um paráfrase dos regimes militar e civil construídos no Brasil e do glamoroso fracasso de ambos em instituir uma ordem mínima.
O longa de Padilha aponta para a desesperança ao contrário do anterior, que raspava na barbárie truculenta do BOPE como solução para o tráfico e para o desespero da violência na metrópole. Desta vez o diretor revela um pouco mais do que pensa. O filme é quase um manifesto niilismo. Um beco sem saída entre políticos e instituições governamentais e polícia. Todos, ou quase todos, podres.
Tropa de Elite 2 revela instituições viciadas no enriquecimento ilícito ou na overdose do poder. No seu niilismo lembra os filmes de Sérgio Bianchi: ‘Vale quanto pesa ou é de graça?’ e ‘Politicamente Incorreto’. É a tradução da realidade. Imperdível.
Postado por mastigada às 11:56
Marcadores: consciência, filme, política
1 comentários:
Marcel disse...
Paulo, brilhante crítica ao filme. Assisti com minha esposa e foi justamente essa a sensação que tivemos. Menos comédia, menos heroísmo da violência e a exposição fortíssima da raiz do problema: a política. O buraco é realmente mais em cima. E o pior, como a boca e mais em cima, o buraco é mais fundo. No primeiro Tropa ficava a sensação "tem que botar para fuder para ver se resolve". No segundo, viu-se que "botar para fuder" não resolve. E, sem querer apontar saídas fáceis ou sugestões fica realmente a sensação de desesperança. Perfeitamente captada por você. A melancolia, cansaço e força interna de Moura no personagem foi sensacional. Atuação "foda"! Só resta uma pergunta: por que não estreiou antes de 3 de outubro? Abraço
FONTE: http://mastigada.blogspot.com/2010/10/capitao-nascimento-o-mais-novo-niilista.html
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
COMO O BRASIL QUER CONQUISTAR HOLLYHOOD!
No campo da cultura, 2010 está definitivamente marcado como um ano de polêmicas. Somaram-se as propostas de reforma da Lei de Direitos Autorais e da Lei Rouanet, as restrições à liberdade de imprensa e, agora, a indicação brasileira do filme Lula, O Filho do Brasil, de Fábio Barreto, para concorrer a uma vaga na disputa do Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira. Todas elas têm um elemento em comum: a disputa de limites entre os interesses governamentais e os do setor cultural.
A megaprodução Lula, O Filho do Brasil, feita sobre a biografia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi escolhida por unanimidade para representar o Brasil no Oscar por intermédio de uma comissão técnica. Foram quatro representantes indicados pela Academia Brasileira de Cinema, dois pela Ancine (Agência Nacional do Cinema) e três pelo Ministério da Cultura. Há, como se vê, uma maioria de representantes estatais, mas o presidente dessa comissão, cineasta Roberto Farias, garante que não ocorreu nada de político na escolha: "Algumas pessoas julgam que houve influência política. Não houve. Os membros dessa comissão acreditam que esse é o melhor filme para o Oscar, não por juízo de valor artístico ou estético, mas pela possibilidade de ser bem recebido lá em Hollywood", afirma.
Fora da comissão, porém, a aceitação do filme não foi consensual. Muito pelo contrário. Nomes importantes da área, como o cineasta Alexandre Stockler e o crítico Rubens Ewald Filho, contestam veementemente a escolha. "Como cinema não é o melhor que nós temos, é uma produção que veio errada desde a maneira como nasceu, com aquele gasto todo de dinheiro", diz Stockler. Para apimentar ainda mais a discussão, houve uma clara discordância do público com o resultado, manifesta numa enquete promovida pelo próprio Ministério: Lula, O Filho do Brasil ficou em 6° lugar, com 1% dos votos, bastante atrás de Nosso Lar (70% dos votos) e Chico Xavier (12% dos votos).
Helia Scheppa/AE
E assim o Brasil viaja para o Oscar
Polêmica formada, o DCultura foi ouvir a sociedade e a classe artística a respeito do assunto. A elegante Glória Kalil declinou educadamente, o provocador Antônio Abujamra não polemizou – "eu já apanhei tanto por falar desse tipo de assunto..." –, mas outros tantos fizeram o debate crescer.
O primeiro ponto de discórdia vem dos que consideram que a indicação deveria se pautar em atributos estéticos, bastante questionados em Lula, O Filho do Brasil. Apenas um dos entrevistados pelo DCultura, o veterano compositor Billy Blanco, considera o filme bom artisticamente: "É forte em todos os pontos!" A maior parte faz ressalvas. Para a atriz Vida Alves, presidente da Associação dos Pioneiros da Televisão, o filme é "um pouquinho simples para o Oscar". O jornalista Reinaldo Azevedo, crítico ferrenho do lulismo, autor dos livros O País dos Petralhas e Máximas De Um País Mínimo, vai mais longe, dizendo que o filme é pateticamente ruim. "Evidentemente, se trata de uma indicação política. Onde quer que a cultura seja financiada pelo Estado tem isso: a melhor forma de as pessoas que precisam desse capilé demonstrarem sua independência é mostrar sua sabujice", dispara.
Da receptividade majoritariamente fria da crítica e do público – lembre-se que, além da derrota na enquete do Ministério da Cultura (veja também, os números da enquete promovida pelo site do DC), o resultado nas bilheterias foi amplamente tido como aquém das expectativas – vem outra parte do espanto que acompanhou a indicação. "É uma decisão curiosa escolher um filme tão polemizado pela crítica e não tão expressivo comercialmente", diz a cineasta Daniela Thomas. O fotógrafo e professor universitário Cristiano Mascaro segue a mesma linha. "O filme não teve críticas favoráveis nem sucesso de público. Se fosse uma indicação vinda de um órgão do governo, eu acharia 'normal'. Mas vindo de um júri com gente qualificada, como foi, acho estranha", comenta.
A comissão do Oscar, como disse Roberto Farias, não se prendeu aos méritos artísticos, mas às possibilidades de repercussão do filme nos Estados Unidos. Os grandes trunfos seriam, aí, a biografia do presidente e o seu prestígio no exterior. "É um filme profissional e conta uma história de superação, algo de que os americanos gostam muito. Então, como história, nos parece ter alguma chance. Acrescento a isso o fato de Fábio Barreto já ter tido uma indicação para o Oscar com O Quatrilho e não ser um diretor desconhecido", justifica.
Em princípio, o interesse do enredo é evidente. Mesmo que se discuta se a história do sindicalista que virou presidente foi contada com fidelidade, como pede o maestro Júlio Medaglia, não dá para negar que a matéria-prima seja instigante. O jurista e desembargador aposentado Walter Maierovitch conta que não costuma assistir a filmes que pareçam laudatórios a pessoas públicas, como o indicado brasileiro, mas confirma a grande atenção que a trajetória de Lula desperta no exterior. "O interesse sobre o Lula na Europa é enorme. Estive na última reunião da FAO (Food and Agriculture Organization, ligada à ONU), em Roma, e ele reuniu mais gente do que o próprio Papa. Isso pode ser um atrativo do filme", exemplifica.
Há, contudo, quem desconfie do peso da história e do prestígio de Lula na disputa do Oscar. Rubens Ewald Filho, experiente em comissões e coberturas da premiação, acha que os norte-americanos podem ter uma reação bastante adversa. "Eles gostam de ver tudo, menos a geografia, a cara do lugar. Um político local, então, é o que há de mais inadequado", acredita. Na sua opinião, se houve algum direcionamento político, o tiro vai sair pela culatra. "Não há precedentes de um governo mandar um representante oficial que louve o seu próprio governante. Eles vão ficar de orelhas em pé, pensando que estão diante de um cara com pretensões a Mussolini", prevê.
A cantora Nana Caymmi, intérprete de uma canção de Lula, O Filho do Brasil, reforça o argumento. "Nesses prêmios, se uma indicação fica em dúvida, como nessa possibilidade de uso político, cai em seguida", diz. Já o cineasta e ex-Secretário da Cultura de São Paulo João Batista de Andrade, levanta outro problema. "O pragmatismo da comissão é uma ilusão. Não vi nenhum filme sobre líderes estrangeiros, nem sobre o Mandela, ganhar o Oscar", afirma.
João Batista, contudo, pensa que a polêmica da indicação ao Oscar desvia a atenção de problemas mais profundos. "Acho um pouco ridícula essa atenção ao Oscar, festa de uma indústria estrangeira que ocupa mais de 90% do mercado brasileiro. A preocupação da política cultural, para mim, deveria ser aumentar o espaço da produção nacional e levar as classes mais pobres para o cinema", ataca. José Wilker, ator e comentarista da transmissão do Oscar na Rede Globo, bate na mesma tecla: "Acho que se dá uma excessiva importância à presença do Brasil no Oscar. O que a gente tem de almejar é a adesão do público ao nosso cinema", argumenta. Ambos têm razão. É preciso notar, porém, que a banalidade da indicação ao Oscar só ganha tanto relevo pela proximidade do Estado. Sem esse peso institucional, a questão talvez ocupasse, apenas, o esperado lugar de uma curiosidade. Se
FONTE:http://www.dcomercio.com.br//especiais/2010/lula/
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