segunda-feira, 26 de novembro de 2012

FULECO E A TURMA DA FUSACA

Enviado em : 02-12-2012 | por : aguinaldo silva | em : Aguinaldo Silva Digital

Fusaca? Fuleco?! Quando pensamos que a criatividade dos homens que comandam o futebol brasileiro chegou ao seu limite, eis que nos surpreendemos com a capacidade que eles têm de se superar. Nos últimos dias, então, parece que o espírito de Vicente Matheus baixou nos dirigentes da Fifa e da CBF, a Confederação Brasileira de Futebol. Vicente Matheus, para quem não entende nada do que se passa dentro das quatro linhas (e fora dela) e menos ainda da sua história, foi um presidente do Corinthians que ficou famoso mais por suas tiradas do que pela administração do clube. Frases como: “Quem está na chuva é pra se queimar”, “Minha gestação foi a melhor que o Corinthians já teve”, e “Depois da tempestade vem a ambulância”, foram apenas algumas pérolas do seu vasto repertório.
(texto de Virgílio Netto)
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O folclórico Vicente Matheus deixou saudades, mas também fez escola. Se não é isso, o que dizer dos nomes dados ao mascote da Copa do Mundo de 2014, o tatu-bola, e à bola propriamente dita da Copa das Confederações de 2013 no Brasil? Quem terá sido o arranca-toco, o perna-de-pau, o cabeça-de-bagre que teve tanta ideia infeliz de uma tacada só?
Coitado do bicho! Primeiro criaram uma lista tríplice com nomes que devem tê-lo enrolado de vergonha. Ser chamado de Amijubi (amizade + júbilo), Zuzeco (azul dos mares + ecologia), ou Fuleco deve dar uma tristeza medonha. O tatu-bola não deve querer sair do buraco nunca mais. Sequer deram chance ao mamífero de fazer uma catimba.
Fuleco! Foi esse o nome escolhido pelo público em votação num programa de TV. Alguém pode dizer que o povo não sabe escolher nem seus próprios governantes, o que dirá um nome de mascote. Mas aí eu sou obrigado a defender meus pares. Com uma lista dessas, não tem saída. Você pode até tentar o drible da vaca, mas a canelada será inevitável.
Fico imaginando como o tatu-bola está se sentindo agora. Sim, porque não sei as outras pessoas, mas sempre que ouço esse nome me vem à cabeça a ideia de algo depreciativo. Coisa do tipo “pimenta no fuleco dos outros é refresco”, se é que me entendem!
Gaiato que só, o povão não perdeu tempo. Em poucas horas as redes sociais foram invadidas por piadas a respeito. Sinônimos não faltaram para o Fuleco: cu / toba / rabo / butão / ânus / fiofó / furico anel / anel de couro / rosca / roela / botico / olhota / roscofe / boga / ladrão / corrupto / fuleiro / descarado / furreca / furreco / questionável / fuleragem / fulêro. Tudo isso além de charges (como uma genial do cartunista Duke, que nós tentamos publicar aí em cima, mas que, por um desses mistérios insondáveis da rede virtual, não entrou, mas nem pelo karalho!)
Os responsáveis por tamanha bola-fora disseram que o nome é uma mistura de futebol com ecologia. Se era pra zonear, podiam ter escolhido ‘futeboleco’. Além de fazer referência direta aos dois substantivos que deram origem à palavra, tem tudo a ver com o atual estágio do futebol brasileiro. Ou o que a seleção canarinho anda jogando não passa de um futeboleco?
Não contentes com o nome que rebatizou o tatu-bola, os dirigentes tiveram outra ideia de gênio (ou seria de jerico?) e foram escolher o nome da bola da Copa das Confederações, que será disputada no ano que vem. A gorduchinha, coitada, teve a mesma sorte do tatu.  Ou seja, não teve sorte alguma. A vantagem é que, por se tratar de um SER inanimado, não será mais maltratada do que já o é em campo.
Cafusa é o nome dela. Quando ouvi essa palavra pronunciada pela primeira vez, uma coisa muito sacana tomou conta de minha mente poluída (Minha mãe vive dizendo isso de mim!). Só pode ser o feminino de Fuleco, eu pensei. E se ele tem todos aqueles significados que citei acima, nem preciso escrever aqui o que pode vir a ser Cafusa. Aliás, por que será que os nomes dos – digamos assim – órgãos femininos têm uma sonoridade mais pornográfica que os masculinos? Acho que isso vale até uma pauta, né, editor-chefe? (nota do editor: acho. Mas o meu favorito inconteste é mesmo o galicismo “xoxota”)
Depois, minha porção séria me remeteu aos tempos do primário. Só podia ser a mulher nascida do cruzamento de índios com negros. Nesse caso, porém, a palavra não é com ‘s’ e sim com ‘z’: cafuza.  Descartei a possibilidade.
Ou então a mulher do Cafu, capitão do penta, se chama Cafusa e resolveram prestar uma homenagem a ele. Engano. O ex-jogador foi quem apresentou a redonda para o mundo (na foto acima) e tratou logo de dizer que não tinha nada a ver com o nome dela. “Foi só coincidência.”
Aí me lembrei que um certo comediante que já me fez rir bastante e hoje não tem a menor graça (deve ser porque eu cresci) falava muito essa palavra em seus programas dominicais. Eureka! Cafusa só podia ser uma homenagem a Didi Mocó. Não seria de todo ruim já que a partir do ano que vem o programa será um finado.
Errei de novo. Achei melhor saber dos próprios criadores a origem do neologismo. E a explicação não poderia ter sido mais surpreendente: trata-se de uma junção das sílabas iniciais de carnaval, futebol e samba.
Fiquei imaginando o que pensariam Darcy Ribeiro, Gilberto Freyre e Nelson Rodrigues. Até pensei em ouvir a opinião de Roberto da Matta, mas desisti de procurar explicações.
No fim de tudo vi que os dirigentes da Fifa e CBF não são muito afeitos a gols de placa e tampouco são alunos aplicados. Ainda prefiro Vicente Matheus. Afinal, como dizia ele, “dirigir um clube de futebol é como uma faca de dois legumes”. Imagine dirigir a CBF e todos os seus pepinos!
P.S: Sei que é lugar-comum pra caramba, mas não resisti em usar os jargões do futebol para escrever o texto. Foi mais forte do que eu. Os deuses do esporte bretão que me perdoem!
CAMPANHA DE COMPARTILHAMENTO DO FACEBOOK!
Fuleco, na minha opiniao e uma derivada de fuleiro..

Que ou quem não é digno de confiança.
Que ou quem é considerado reles.
Que ou quem revela falta de requinte, de bom gosto.
COMPARTILHE SE CONCORDA EM MUDAR O NOME DO MASCOTE!
A Fifa confirmou, no final da noite do último domingo, que o nome Fuleco foi escolhido para batizar a mascote da Copa do Mundo de 2014. A entidade informou que mais de 1,7 milhão de brasileiros votaram neste nome, o que representou 48% dos votos, enquanto os outros concorrentes, Zuzeco e Amijubi, ficaram respectivamente com 31% e 21% da preferência do público.Anteriormente, em setembro, o tatu-bola havia sido escolhido como o animal que seria a mascote do Mundial que será realizado no Brasil. E agora o mesmo ganhou o nome de Fuleco, uma união das palavras futebol e ecologia, segundo a Fifa, que destacou ambas como "dois componentes fundamentais da Copa".
Os nomes escolhidos pela Fifa como opções para a mascote do Mundial chegaram a ser muito criticados pelo público, mas a entidade garantiu que o nome Fuleco está se tornando cada vez mais conhecido no Brasil. Vencidos nesta disputa, Amijubi é uma mistura das palavras amizade e júbilo e Zuzeco é a composição dos verbetes azul e ecologia.
Ao anunciar o nome vencedor que batiza a mascote oficial da Copa, a Fifa ressaltou que 89% dos brasileiros disseram já terem visto a mesma, assim como o animal símbolo da competição é considerado um personagem simpático, com nota média de 7,3 neste quesito.
"Enfatizar a importância do meio ambiente e da ecologia é um importante objetivo da Copa do Mundo de 2014. Resultados recentes de uma pesquisa de opinião pública realizada pela Fifa em 2012 no Brasil confirmam a importância dos temas da sustentabilidade e do meio ambiente entre o público do país-sede. Mais de 90% dos brasileiros acreditam que a Copa do Mundo de 2014 deve ser ecologicamente correta", ressaltou a Fifa, no comunicado que distribuiu na noite deste domingo.
Além da preocupação com a questão ecológica, a entidade que controla o futebol mundial enfatizou que o Fuleco teve quatro características mais marcantes destacadas pelo público. Foram elas: "brasileiro", "natureza", "amigável" e "paixão pelo futebol".
A Fifa também voltou a destacar que o tatu-bola é um embaixador da Copa de 2014 e desempenhará um papel importante para "motivar torcedores no mundo todo com a sua paixão pelo esporte e pelo Brasil".

FONTE: http://www.dgabc.com.br/News/5995968/mascote-da-copa-de-2014-recebe-nome-de-fuleco.aspx

 Sai Jabulani, entra Brazuca

Sem surpresa, levando em consideração as três opções na disputa, Brazuca ganhou a eleição para o nome da bola oficial da Copa do Mundo de 2014.
Assim, o nome irá suceder a famosa e polêmica Jabulani, da África do Sul.
A Adidas, que produz as pelotas do Mundial desde 1970, divulgou o resultado neste domingo, no encerramento da votação. Numa eleição com 1.119.539 participações, Brazuca venceu Bossa Nova e Carnavalesca com 77% dos votos.
Pode-se dizer que a boca de urna do blog funcionou, pois o índice foi o mesmo alcançado na enquete realizada em agosto, com 1.150 participaões (veja aqui).
Apesar do design divulgado, a bola que irá rolar nos gramados brasileiros deverá sofrer alterações. O lançamento da bola oficial será somente em dezembro de 2013.
Descrição oficial da Brazuca:
A bola que vai rolar nos nossos gramados tem que ter a nossa alegria, a nossa irreverência. Essa é a bola que vai representar o nosso orgulho de ser brasileiro. E ela tem que ser a nossa cara, ter o nosso nome. Essa bola tem que ser brazuca.
Bolas da Copa, via Adidas: Telstar (1970), Telstar Durlast (1974), Tango (1978), Tango España (1982), Azteca (1986) e Etrusco Unico (1990); Questra (1994), Tricolore (1998), Fevernova (2002), Teamgeist (2006) e Jabulani (2010) e Brazuca (2014).

fonte: http://blogs.diariodepernambuco.com.br/esportes/?p=68117

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Marcada na pele, amizade de Bruno e Macarrão começou em colégio




 Dupla fez parte de projeto social no Caic de Ribeirão das Neves

Por Cahê Mota Direto de Ribeirão das Neves, MG

“Bruno e Maka. A amizade nem mesmo a força do tempo irá destruir. Amor verdadeiro”. A frase eternizada em forma de tatuagem nas costas de Macarrão dá o tom de quão estreita é a relação entre Bruno e seu fiel escudeiro, que hoje protagonizam o caso policial mais famoso do país: o desaparecimento de Eliza Samúdio. Capítulo mais misterioso de uma amizade que nasceu graças a um projeto social em Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais.
Caic, escola onde Bruno e Macarrão se conheceramEntrada do Caic, escola onde Bruno e Macarrão se conheceram (Foto: Cahê Mota/Globoesporte.com)
Destaque dos times locais, Bruno nunca escondeu o sonho de fazer sucesso no futebol. Mas, como muitos dos jovens brasileiros, sofreu uma decepção em sua primeira passagem por um grande clube. Dispensado do Cruzeiro quando tinha cerca de 16 anos, o jovem desistiu de realizar o sonho de ser jogador e optou por ganhar a vida de outra forma: como treinador de goleiros do “Projeto Toriba”, uma das ações do Centro de Atenção Integral à Criança (Caic). Foi quando estreitou os laços com Macarrão.
Apesar de precoce, Bruno mantinha a seriedade ao passar sua experiência das passagens pela base do Venda Nova, do Democrata de Sete Lagoas e do Cruzeiro para goleiros em potencial. Um deles era Macarrão. A relação aluno/professor no campo de terra batida, no entanto, ocupava apenas parte do dia da dupla, que permanecia no local para aproveitar as refeições distribuídas gratuitamente, se divertir e paquerar as meninas.

Em 2008, Macarrão esteve no local a convite da reportagem do GLOBOESPORTE.COM e recordou a época em que conheceu o melhor amigo (assista ao vídeo ao lado).
- Quando foi mandado embora do Cruzeiro pelo Ney Franco, o Bruno resolveu que não ia jogar mais futebol e veio ser nosso treinador de goleiros no projeto Toriba. Ele sempre foi muito determinado. Só pensava em trabalhar, trabalhar, trabalhar... E o pessoal só queria olhar para as meninas. Fico até emocionado por voltar a este campinho. Passamos muita coisa boa aqui. Vínhamos por causa do suco, do leite com achocolatado, mas valia muito a pena. O Bruno merece estar onde está porque sempre foi muito determinado e diferenciado – disse na ocasião.
Na reportagem, Bruno também falou com carinho dos momentos vividos no Caic.
- O que não esqueço é quando nos reuníamos no projeto Toriba que o governo fez. Me lembro que saíamos cedo, 7h, e íamos para o treino. A parte mais engraçada era aquela zoação, um brincando com o outro. Tínhamos que tomar café lá porque não havia nada para comer em casa. Um pegava o biscoito do outro.
Do Caic, a amizade entre Bruno e Macarrão ganhou o país. Onde um estava, era fácil encontrar o outro. Tanto que o goleiro deixava a cargo do amigo a administração de suas coisas. Figura constante em treinamentos e jogos do Flamengo, “Maka”, como é chamado, tinha livre acesso no clube e bom relacionamento com todos.
- Não tenho palavras para descrever o Bruno. Fez e faz muito para mim – dizia.

Frequentadores do Caic lamentam prisão

Bruno, esposa e Macarrão em piscinano Rio de JaneiroBruno, a esposa e Macarrão em momento de lazer
(Foto: Arquivo pessoal)
No Caic, porém, as maiores recordações são somente de Bruno. Mais pela fama que o goleiro ganhou depois do que pelo sucesso feito no local. Devido ao alto número de ações e crianças que passam pelo centro, poucos lembram do ex-treinador de goleiros, mas todos lamentam o destino do ídolo.
- A cidade inteira está muito triste com isso que está acontecendo. Por onde você passar em Ribeirão das Neves só se fala nesse assunto. O Bruno era um exemplo para todo mundo aqui, tratava todo mundo bem. Nas poucas vezes em que estive com ele, sempre foi uma pessoa tranquila. Nunca teve pose só por ser famoso. É difícil acreditar nisso tudo – disse Íris Matias Júnior, um dos frequentadores do local.
Sem Bruno e Macarrão, o Caic segue recebendo diariamente centenas de crianças, construindo “amizades que nem a força do tempo irá destruir” e observando à distância o desfecho de uma polêmica na qual está presente sua maior referência.

veja vídeo aqui:

 

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Belíssima e inteligentíssima resposta contra um preconceito sem sentido


Veja que lixo! por Jean Wyllys

Eu havia prometido não responder à coluna do ex-diretor de redação de Veja, José Roberto Guzzo, para não ampliar a voz dos imbec
is. Mas foram tantos os pedidos, tão sinceros, tão sentidos, que eu dominei meu asco e decidi responder.
A coluna publicada na edição desta semana do libelo da editora Abril — e que trata sobre o relacionamento dele com uma cabra e sua rejeição ao espinafre, e usa esses exemplos de sua vida pessoal como desculpa para injuriar os homossexuais — é um monumento à ignorância, ao mau gosto e ao preconceito.
Logo no início, Guzzo usa o termo “homossexualismo” e se refere à nossa orientação sexual como “estilo de vida gay”. Com relação ao primeiro, é necessário esclarecer que as orientações sexuais (seja você hétero, gay ou bi) não são tendências ideológicas ou políticas nem doenças, de modo que não tem “ismo” nenhum. São orientações da sexualidade, por isso se fala em “homossexualidade”, “heterossexualidade” e “bissexualidade”. Não é uma opção, como alguns acreditam por falta de informação: ninguém escolhe ser gay, hétero ou bi.
O uso do sufixo “ismo”, por Guzzo, é, portanto, proposital: os homofóbicos o empregam para associar a homossexualidade à ideia de algo que pode passar de uns a outros – “contagioso” como uma doença – ou para reforçar o equívoco de que se trata de uma “opção” de vida ou de pensamento da qual se pode fazer proselitismo.
Não se trata de burrice da parte do colunista portanto, mas de má fé. Se fosse só burrice, bastaria informar a Guzzo que a orientação sexual é constitutiva da subjetividade de cada um/a e que esta não muda (Gosta-se de homem ou de mulher desde sempre e se continua gostando); e que não há um “estilo de vida gay” da mesma maneira que não há um “estilo de vida hétero”.
A má fé conjugada de desonestidade intelectual não permitiu ao colunista sequer ponderar que heterossexuais e homossexuais partilham alguns estilos de vida que nada têm a ver com suas orientações sexuais! Aliás, esse deslize lógico só não é mais constrangedor do que sua afirmação de que não se pode falar em comunidade gay e que o movimento gay não existe porque os homossexuais são distintos. E o movimento negro? E o movimento de mulheres? Todos os negros e todas as mulheres são iguais, fabricados em série?
A comunidade LGBT existe em sua dispersão, composta de indivíduos que são diferentes entre si, que têm diferentes caracteres físicos, estilos de vida, ideias, convicções religiosas ou políticas, ocupações, profissões, aspirações na vida, times de futebol e preferências artísticas, mas que partilham um sentimento de pertencer a um grupo cuja base de identificação é ser vítima da injúria, da difamação e da negação de direitos! Negar que haja uma comunidade LGBT é ignorar os fatos ou a inscrição das relações afetivas, culturais, econômicas e políticas dos LGBTs nas topografias das cidades. Mesmo com nossas diferenças, partilhamos um sentimento de identificação que se materializa em espaços e representações comuns a todos. E é desse sentimento que nasce, em muitos (mas não em todos, infelizmente) a vontade de agir politicamente em nome do coletivo; é dele que nasce o movimento LGBT. O movimento negro — também oriundo de uma comunidade dispersa que, ao mesmo tempo, partilha um sentimento de pertença — existe pela mesma razão que o movimento LGBT: porque há preconceitos a serem derrubados, injustiças e violências específicas contra as quais lutar e direitos a conquistar.
A luta do movimento LGBT pelo casamento civil igualitário é semelhante à que os negros tiveram que travar nos EUA para derrubar a interdição do casamento interracial, proibido até meados do século XX. E essa proibição era justificada com argumentos muito semelhantes aos que Guzzo usa contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Afirma o colunista de Veja que nós os homossexuais queremos “ser tratados como uma categoria diferente de cidadãos, merecedora de mais e mais direitos”, e pouco depois ele coloca como exemplo a luta pelo casamento civil igualitário. Ora, quando nós, gays e lésbicas, lutamos pelo direito ao casamento civil, o que estamos reclamando é, justamente, não sermos mais tratados como uma categoria diferente de cidadãos, mas igual aos outros cidadãos e cidadãs, com os mesmos direitos, nem mais nem menos. É tão simples! Guzzo diz que “o casamento, por lei, é a união entre um homem e uma mulher; não pode ser outra coisa”. Ora, mas é a lei que queremos mudar! Por lei, a escravidão de negros foi legal e o voto feminino foi proibido. Mas, felizmente, a sociedade avança e as leis mudam. O casamento entre pessoas do mesmo sexo já é legal em muitos países onde antes não era. E vamos conquistar também no Brasil!
Os argumentos de Guzzo contra o casamento igualitário seriam uma confissão pública de estupidez se não fosse uma peça de má fé e desonestidade intelectual a serviço do reacionarismo da revista. Ele afirma: “Um homem também não pode se casar com uma cabra, por exemplo; pode até ter uma relação estável com ela, mas não pode se casar”. Eu não sei que tipo de relação estável o senhor Guzzo tem com a sua cabra, mas duvido que alguém possa ter, com uma cabra, o tipo de relação que é possível ter com um cabra — como Riobaldo, o cabra macho que se apaixonou por Diadorim, que ele julgava ser um homem, no romance monumental de Guimarães Rosa. O que ele, Guzzo, chama de “relacionamento” com sua cabra é uma fantasia, pois falta o intersubjetivo, a reciprocidade que, no amor e no sexo, só é possível com outro ser humano adulto: duvido que a cabra dele entenda o que ele porventura faz com ela como um “relacionamento”.
Guzzo também argumenta que “se alguém diz que não gosta de gays, ou algo parecido, não está praticando crime algum – a lei, afinal, não obriga nenhum cidadão a gostar de homossexuais, ou de espinafre, ou de seja lá o que for”. Bom, nós, os gays, somos como o espinafre ou como as cabras. Esse é o nível do debate que a Veja propõe aos seus leitores.
Não, senhor Guzzo, a lei não pode obrigar ninguém a “gostar” de gays, negros, judeus, nordestinos, travestis, imigrantes ou cristãos. E ninguém propõe que essa obrigação exista. Pode-se gostar ou não gostar de quem quiser na sua intimidade (De cabra, inclusive, caro Guzzo, por mais estranho que seu gosto me pareça!). Mas não se pode injuriar, ofender, agredir, exercer violência, privar de direitos. É disso que se trata.
O colunista, em sua desonestidade intelectual, também apela para uma comparação descabida: “Pelos últimos números disponíveis, entre 250 e 300 homossexuais foram assassinados em 2010 no Brasil. Mas, num país onde se cometem 50000 homicídios por ano, parece claro que o problema não é a violência contra os gays; é a violência contra todos”. O que Guzzo não diz, de propósito (porque se trata de enganar os incautos), é que esses 300 homossexuais foram assassinados por sua orientação sexual! Essas estatísticas não incluem os gays mortos em assaltos, tiroteios, sequestros, acidentes de carro ou pela violência do tráfico, das milícias ou da polícia.
As estatísticas se referem aos LGBTs assassinados exclusivamente por conta de sua orientação sexual e/ou identidade de gênero! Negar isso é o mesmo que negar a violência racista que só se abate sobre pessoas de pele preta, como as humilhações em operações policiais, os “convites” a se dirigirem a elevadores de serviço e as mortes em “autos de resistência”.
Qual seria a reação de todos nós se Veja tivesse publicado uma coluna em que comparasse os negros com cabras e os judeus com espinafre? Eu não espero pelo dia em que os homens concordem, mas tenho esperança de que esteja cada vez mais perto o dia em que as pessoas lerão colunas como a de Guzzo e dirão “veja que lixo!”.
Jean Wyllys
Deputado Federal (PSOL-RJ)

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Saiba por onde anda o ator de ‘Lagoa Azul’


Por: Natália Alcântara | Comentários: Comente

Aos 15 anos Christopher Atkins ficou mundialmente conhecido ao contracenar seminu com a bela Brooke Shields, no filme “A Lagoa Azul”, de 1980. Hoje, aos 51 anos, o ator virou empresário, é divorciado e tem duas filhas.
Christoper iniciou a carreira artística como modelo, mas logo chamou atenção dos produtores pelo corpo escultural. Apesar de afirmar que não tinha pretensão de se tornar uma estrela de Hollywood, o ator obteve o auge da fama quando muito jovem, e diz ter feito coisas das quais se arrepende.
A carreira entrou em declínio nos anos 90. Procurando se desvincular da imagem de galã, o ator fez filmes que não tiveram muita projeção. Nos anos 2000, um antigo empresário da estrela fugiu com todo o dinheiro que ele havia arrecadado em sua carreira artística. Para superar a crise, Christoper teve que hipotecar a casa que vivia com a família e começou a  investir em um negócio próprio.
Atualmente, o ator divide seu tempo entre sua loja de artigos esportivos e uma empresa de piscinas de luxo. Sobre as experiências negativas  Christopher filosofa: “Se você tem histórias, você teve aventuras, e se você já teve aventuras, você viveu uma vida”. As  informações são do Extra.

fonte;  http://blog.opovo.com.br/buchicho/saiba-por-onde-anda-o-ator-de-lagoa-azul/